quinta-feira, 28 de julho de 2011
Notícia original Folha Online
DO RIO
Mais de 90% dos brasileiros consomem menos frutas, legumes e verduras do que o recomendado pelo Ministério da Saúde. Esta é uma da conclusões da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, divulgada nesta quinta-feira pelo instituto.
O levantamento mostra que os alimentos mais comuns na mesa dos brasileiros de todas as classes, regiões e idades são café, feijão, arroz, sucos, refrigerantes e carnes bovinas.
O problema, no entanto, com exceção dos refrigerantes, não está neste grupo, mas em outros alimentos que têm sido mais consumidos, como biscoitos recheados, salgadinhos, pizzas, doces e outros de altos teores calóricos e baixos nutritivos.
Por causa desta dieta de baixa qualidade, o percentual de brasileiros com níveis altos de inadequação de consumo de diversos nutrientes é alto para quase todos eles.
O consumo de fibras ficou abaixo do recomendado para 68% dos brasileiros. Já no caso de açúcares e gorduras saturadas, o consumo é em excesso, respectivamente, entre 61% e 82% da população.
A má alimentação do brasileiro se reflete também na baixa ingestão de algumas vitaminas, abaixo dos níveis recomendados. Praticamente todos os brasileiros consomem menos vitaminas D e E do que o recomendado, pois a proporção de inadequação neste caso é superior a 98% independente da idade ou sexo.
A falta de vitamina A também é um problema, pois a proporção de inadequação deste nutriente varia entre 63% entre meninas de 10 a 13 anos a 82% entre homens de 14 a 18.
A comparação por região permite também identificar diferentes hábitos alimentares. Ninguém supera os nortistas, por exemplo, no consumo de peixe, farinha e açaí.
No Sul, o destaque é o chá. No Centro-Oeste, brasileiros reportaram o maior consumo de carne bovina. No Sudeste, a batata-inglesa é mais presente no cardápio do que em qualquer outra região. Por fim, nordestinos apresentaram o maior consumo de milho entre todos os pesquisados.
POLÍTICAS PÚBLICAS
"Os resultados da pesquisa confirmam a necessidade de políticas públicas [específicas para o tema]", diz a coordenadora geral de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Patricia Constante Jaime. "Dados anteriores da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares- POF) já mostravam um padrão de consumo alimentar que demanda uma urgência de políticas públicas para a promoção da alimentação saudável para todos os ciclos da vida do brasileiro."
Segundo ela, há dois planos nacionais sendo estudados. Um é para o enfrentamento da obesidade, que está tão associada ao consumo desses alimentos com alto teor de sódio, com alta densidade energética, alto teor de gordura e açúcar.
O outro vai tratar do enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis, do diabetes, da hipertensão, do câncer, que também estão associados ao consumo inadequado de alguns alimentos.
"Todo o padrão de consumo de micronutientes apresentado pela pesquisa sinaliza uma inadequação do padrão geral de dieta dos adolescentes, que é muito pior quando comparada a outras fases do ciclo de vida. Isso sinaliza a importância não de suplementação ou de fortificação, mas sim de repensar o consumo de alimentos consumidos no dia a dia do adolescente", comenta.
"É importante mencionar que a inadequação de micronutrientes pode muito bem ser corrigida através de alimentos básicos da dieta, não sendo necessários suplementos ou medicamentos para corrigi-la."
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